Aproximam-se tempos muito importantes e decisivos para os destinos do nosso país e dos nossos municípios.
Antes das férias e da mal-afamada silly season, parece-me oportuno trazer à colação os conteúdos que se irão discutir, na sua forma, mais até do que a forma dos conteúdos.
“A pergunta de um milhão de dólares” (com origens no quiz show da CBS Radio “Take it or Leave it”, 1940/47, mais tarde popularizada na ABC por Regis Philbin, a partir de 1999, com a versão americana do concurso “Who Wants To Be a Millionaire”), ou seja, a pergunta que toda a gente faz, aquela cuja resposta todas as pessoas procuram e que, por isso, se torna tão valiosa, pode resumir-se e, a partir daqui, ser o ponto de partida para (quase) tudo o resto, àquilo que queremos e àquilo que vamos fazer para obtermos aquilo que queremos.
Neste caso, a pergunta não pode deixar de ser, porquê votar em nós? O “nós”, aqui, não está personificado. Ele aplica-se a todos aqueles que somos candidatos às próximas eleições, sejam elas legislativas ou autárquicas. Os exemplos que abaixo são mencionados não passam disso mesmo.
Melhorar o que está bem…mudar o que está mal? O que é que isto quererá dizer de concreto que leve as pessoas a votar em nós? Levar as coisas a sério? Significa que os outros levam a brincar? Falar verdade? Então, mas os outros mentem? Avançar Portugal? Mal seria se quiséssemos recuar, embora tal seja muito infeliz, considerando que divergimos no crescimento económico face à UE, pelo menos, desde 1998 (há economistas que defendem que essa divergência pode ser extrapolada até desde o 25 de Abril). Unir Lisboa? Cumprimos? Lisboa com Sentido (a abertura do site é enjoativa, parece um carrossel)?
Os políticos (e os seus estrategas) têm por hábito assumir, nestas ocasiões, que se deve dizer aquilo que as pessoas querem ouvir. Nada de mais errado! O que é que interessa dizer aquilo que as pessoas querem ouvir se isso não corresponder àquilo que nós conseguimos ou vamos fazer?
Vamos ser sérios…as pessoas só acreditam em nós se já tivermos dado provas disso. E só os factos o podem confirmar. Logo, não devemos prometer aquilo que não podemos cumprir, assim, a primeira pista para a resposta à pergunta é, NÃO FAÇAM PROMESSAS, ESTABELEÇAM COMPROMISSOS. Mas também não pode ser uma coisa do género, “eu assino por baixo”…
Segunda pista, DIZER O QUE SE VAI FAZER. Resulta sempre melhor se já tivermos feito alguma coisa e, nesse caso, devemos ser afirmativos. Sim, Nós Fazemos, parece-me um bom lema.
Terceira pista, TER ESTRATÉGIA E VISÃO. Estratégia não é falar da impunidade dos outros, mas sim falar da nossa responsabilidade. Visão, não é vislumbrar os erros dos outros, mas sim acertar nas nossas escolhas, é estarmos à frente do nosso tempo. Em suma, devemos falar em nós e não nos outros e se não o conseguirmos fazer, é porque não temos nada de construtivo para dizer.
Em quarto lugar, AS PESSOAS….AS PESSOAS…AS PESSOAS. Andamos todos um bocadinho fartos de paixões, mas se tivermos de assumir alguma, só pode mesmo ser as pessoas. Em tudo aquilo que dissermos, fizermos, mostrarmos ou comprometermos, inteligentes – ou não – as pessoas têm de se rever de imediato, ou seja, quando votarem, as pessoas têm de sentir que não estão só a votar em nós, mas também em si próprias. É a única altura em que nos devemos preocupar com os outros.
Finalmente, é preciso sermos resilientes e É PRECISO ACREDITARMOS EM NÓS. Temos de vencer as dificuldades e ultrapassar os obstáculos. Se não acreditarmos naquilo que queremos e que podemos, como fazer os outros acreditar? Obama deu a resposta à sua “pergunta de um milhão de dólares”, Yes, We Can. Temos agora, nós, com base nas pistas que aqui deixo, de encontrar a nossa.
in Jornal de Oeiras, 21 jul./09
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