Bem-vindos a um fórum que se pretende de discussão livre sobre todos os temas que acharem pertinentes, mas que se pretende direccionado para as questões da liderança.

Monday, September 7, 2009

O Partido daqueles que não nos viram as costas

Tenho andando por aí. Tenho andado pela rua a tomar o pulso às pessoas e ao ambiente. As “coisas” não estão fáceis. Ou porque está frio, ou porque está calor, ou porque estamos em crise, ou porque Portugal não ganhou à Dinamarca, ou porque os debates a propósito das eleições legislativas são mais do mesmo e não esclarecem ninguém, ou porque alguns se acham donos da Verdade, ou porque outros é que levam isto a Sério, ou porque há festas e as pessoas não conseguem dormir por causa do barulho, ou porque não há festas e as pessoas não se conseguem divertir…o que é um facto, é que os portugueses são uns eternos insatisfeitos.

Felizmente que nem tudo é mau, a começar pelo sucesso mais uma vez verificado pela realização das Festas em Honra do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço de Arcos, que terminaram este fim-de-semana, com o habitual e majestoso fogo-de-artifício, acompanhado, ao rubro, por milhares de pessoas, que enchiam o jardim e a Marginal, desde a curva do Mónaco até à Escola Náutica Infante D. Henrique, sem contar com aquelas que, um pouco por toda a zona ribeirinha da Vila e das varandas das suas casas, tiveram a oportunidade de assistir a este espectáculo. Durante cerca de 20 minutos, não houve lugar a lamúrias e ninguém nos virou as costas.

Depois há, ainda, pequenas “pérolas” que se afirmam como grandes surpresas. Eu que, por formação académica e profissional, vivo rodeado de ideologias (no sentido teórico e no sentido prático), recebo de alguém completamente insuspeito – um médico – a melhor definição de um movimento de cidadãos independentes…o Partido daqueles que não nos viram as costas! Numa palavra, brilhante! Como é público (nestas linhas e nuns outdoors que por aí andam), eu integro um movimento independente e nunca me tinha ocorrido tal coisa.

Continuo a considerar, qualquer que seja a situação, que a melhor receita para o sucesso é o trabalho. Como se ousa dizer noutras paragens, “no pain, no gain” o que, por cá, pode ser sinónimo de “dar o corpo ao manifesto”. Não virar as costas aos problemas e às pessoas que sempre nos deram a mão e nos indicaram o caminho, não só é elementar, como justo. São essas mesmas pessoas que, com o trabalho e com “obra feita”, nos indicaram o caminho do progresso e expressaram o sentir de uma comunidade quanto ao seu futuro.

Mas, como também não devemos contribuir para aumentar o índice de insatisfação da generalidade dos portugueses, se alguém nos virar as costas, não devemos ficar tristes, isso significa, apenas, que essas pessoas não conseguem aguentar a firmeza do nosso olhar.

Por sua vez, ao som de um ritmo alucinante, mas não ensurdecedor, as costas mostraram-se à intolerância pela liberdade de expressão e diversão de milhares de jovens sedentos de dar corpo e voz ao sentir de uma comunidade quanto ao seu presente. A “Paço de Arcos Night Sessions” foi uma pedrada no charco da arrogância e a conquista da determinação de quem procura fazer a diferença. Se o apelo resultar, nada mais será como dantes.

Também nós temos de ter em atenção para onde viramos as nossas costas. Não se podem defraudar expectativas, não nos podemos render à arrogância da sapiência e à prepotência da capacidade de realização. O que lá vai, lá vai, já está nas nossas costas. O “porco”, quando nasce, também é para todos; o malho e o cinzel devem ser utilizados para trabalhar e não para censurar.

A vida, essa, virou as costas a um amigo…Bruno, que Deus te dê, no Céu, a paz e o sossego que te faltaram na Terra. Até sempre!

Jornal de Oeiras, 08 set./09

Wednesday, September 2, 2009

Silly Season ou talvez não?

O ponto alto da silly season costuma ser o mês de Agosto, período em que, usualmente, não se passa nada de importante e podemos actualizar, tranquilamente, as nossas leituras estendidos numa toalha à beira mar.
No mês de Agosto, os colégios fecham e somos, naturalmente, forçados a meter férias. Aqueles que podem vão de malas e bagagens para o Algarve ou para as nossas aldeias, para quem ainda tem essas referências mais rurais, onde os emigrantes, que regressam a Portugal, ajudam a animar as festas populares.
Mas este ano, estamos a viver um Verão atípico, não temos jogos olímpicos, campeonato do mundo de futebol ou semelhante. Além disso, no nosso campeonato de futebol, agora designado superliga, não há discussões jurídicas sobre quem sobe ou desce e não há “Verão quente” com transferências de jogadores do Benfica para o Sporting ou para o FC Porto.
Mesmo os nossos candidatos a vip’s ou socialites andam muito sossegados, apenas a Diana Chaves dá um ar da sua graça, mas muito pueril. Reconheço que as televisões nacionais têm feito um esforço para recuperar a silly season, quer alimentando o folhetim da morte de Michael Jackson, quer dando tempo de antena a personagens como o Prof. Medina Carreira que, hoje em dia, é mais um entertainer especializado numa antiga tradição portuguesa: dizer mal de tudo.
Na realidade, este Verão, os portugueses, em pleno Agosto, nem parecem estar de férias, a crise económica e os políticos insistem em não nos dar descanso, dominando a actualidade.
É verdade que estamos a pouco mais de um mês de um ciclo eleitoral intenso, legislativas no próximo dia 27 de Setembro e autárquicas no dia 11 de Outubro, mas podíamos ter alguma da renovação de personagens e de conteúdos, tantas vezes anunciada.
A Presidente do PSD, na sua já reconhecida fama e proveito de incapacidade para comunicar, em que só por coincidência o que fala corresponde ao que pensa e faz - será uma política de verdade ou será uma nova forma de não dizer a verdade – anunciou a lista de candidatos à Assembleia da Republica e comunicou, que ainda é cedo para apresentar o seu programa eleitoral.
Na lista de candidatos a deputados apresentada, a coerência imperou, quem não é por mim fica de fora. A única novidade foi a introdução da figura dos bons e dos maus arguidos em processos judiciais. Os bons são aqueles em quem a Dra. Ferreira Leite tem confiança, ou seja, fazem parte dos seus apoiantes, os outros, por exclusão de partes, não podem ser, obviamente, candidatos a qualquer lugar.
O facto de o PSD não ter apresentado o seu programa eleitoral também não constituiu nenhuma surpresa, porque o pouco que foi ventilado pelo seu gabinete de estudos foi o suficiente para aterrorizar qualquer português.
Mas nem tudo são más notícias, a economia portuguesa apresentou, no segundo semestre de 2009, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, um crescimento real de 0,3 pontos percentuais, confirmando os primeiros sinais de recuperação da grave crise económica que assolou o mundo e o acerto da estratégia definida pelo Governo Português.
Esta evolução positiva, conjugada com os sinais de reanimação das principais economias da União Europeia, permite algum optimismo sobre a evolução da economia portuguesa e perspectivar alguma redução do desemprego no início de 2010.
Enfim, uma maçada para alguns pessimistas militantes, mas é, seguramente, uma óptima notícia para quem acredita em Portugal e nos portugueses.
In Tribuna de Loures 15 Agosto/2009

"Homens Bons"

O Governo decidiu marcar as eleições autárquicas para o próximo dia 11 de Outubro.
As eleições autárquicas são o momento em que as populações elegem os seus representantes nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Municipais e nas Assembleias de Freguesia e em que celebramos o poder democrático na sua forma mais pura, pelo menos, em termos de proximidade entre eleitos e eleitores.
O Sr. Presidente da República entendeu marcar as eleições legislativas para próximo dia 27 de Setembro, mas as pressões para que estas se realizassem na mesma data das eleições autárquicas assumiram, infelizmente, uma dimensão intolerável.
Na realidade, as pressões feitas em defesa da tese da simultaneidade das eleições autárquicas com as legislativas assentaram, fundamentalmente, em falsos argumentos economicistas e constituíram mais uma tentativa de menosprezar o papel e a importância dos municípios. A defesa desta tese por quem já tinha defendido a suspensão da Democracia por seis meses não nos surpreendeu, mas o silêncio comprometedor, no interior do PPD, sim.
Para que não subsistam dúvidas, aqui fica registada a minha declaração de interesses: Defendo, incondicionalmente, a aplicação do princípio da subsidiariedade, designadamente, na administração pública e as virtualidades da criação de um nível intermédio de gestão do território português, tendo em vista um desenvolvimento económico sustentável, aliás como está previsto na Constituição da República de 1976.
De acordo com a Constituição, "as autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas" (art. 235º CRP) e as categorias de autarquias previstas no continente são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas (art. 236º CRP).
A não concretização da regionalização constitui, na actualidade, um dos maiores condicionalismos à necessária democratização e racionalização da administração central e à própria mudança de modelo de crescimento económico.
Na União Europeia, a existência de regiões com órgãos eleitos em quase todos os países não afecta a sua coesão, porque afectaria a nossa coesão nacional?
Enquanto se marca passo na regionalização, vão-se aprofundando as disparidades no território. O fosso entre as regiões marcadas por uma ruralidade periférica e as regiões mais urbanizadas acentua-se cada vez mais.
Nos últimos trinta anos, as autarquias e os autarcas têm sido, inquestionavelmente, os principais responsáveis pela verdadeira “revolução” que este país sofreu ao nível da qualidade de vida das suas populações.As autarquias têm sido, igualmente, elementos de modernidade, de mudança e de implementação de processos de melhoria contínua, enquanto a Administração Central permanece ainda muito amarrada pelas forças corporativas, que travam qualquer tipo de inovação ou de competitividade assente na livre concorrência.
O recente fracasso, que constituiu a tentativa de alteração da Lei das Autarquias Locais, é, lamentavelmente, um bom exemplo da forma como ainda actuam algumas dessas forças corporativas.
Os autarcas, tantas vezes, vilipendiados ou menosprezados, são os verdadeiros herdeiros do legado, que os homens bons do municipalismo deixaram neste país e, constitui, nos dias de hoje, uma verdadeira afronta, completamente anacrónica, a manutenção da figura dos Governadores Civis.
São também os autarcas, que mais estão próximos dos problemas quotidianos dos portugueses e, que muitas vezes, estão bem longe, na maior parte do tempo, das questões que ocupam o centro do debate político.
O país deve muito a esta geração de autarcas, que dedicaram a sua vida à defesa da causa pública e dos valores da Democracia e, alguns deles, são mesmo uma referência em termos de liderança, quer através do seu exemplo, quer através da sua inteligência emocional.
Poderia, felizmente, dar vários exemplos de autarcas com estas características e dos mais diversos quadrantes partidários, mas um deles é, seguramente, o Presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, que se impõe de forma carismática, liderando pela sua coragem e dedicação, que transmite aos seus colaboradores, na defesa do serviço público.
Embora muitas vezes em sentido contrário à força da onda, há ainda muitas razões para continuar a acreditar em Portugal e nos portugueses.
In Tribuna de Loures 15 Julho/2009

Irreal Social

Despedi-me, num até já, em inicio da popularizada silly season, regresso ainda a mesma não terminou. O que passou entretanto? Muitas coisas. Algumas que merecem comentários, outras que merecem reparos, outras que se escusam ao meu pronunciamento e a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social), graças à qual eu continuo a escrever nesta coluna.

Como alguém, Pacheco Pereira (PP), dizia a propósito desta época, já em 2007, em crónica do Público, “Agosto é o mês de silly season oficial para onze meses de silly season oficiosa”. Não concordo, nem deixo de concordar, apenas noto que esse alguém repetiu a mesma lengalenga, em recente crónica na Sábado. Parece desiludido com a política, mas nem isso o impediu de ser o cabeça da lista de candidatos a deputados pelo círculo eleitoral de Santarém. Talvez assim melhor se compreendam os desabafos de Moita Flores, Presidente da Câmara Municipal de Santarém e candidato a novo mandato (independente com o apoio do PSD).

Vamos à ERC. Já estou como Miguel Sousa Tavares. Detesto proibições. Escrevi até hoje dois artigos suspeitos de terem conotações políticas, mas sempre com base em pressupostos de natureza normativa e/ou cientifica. Mas não nego, nem nunca neguei a minha condição de social-democrata renegado, independente e no exercício das funções de Presidente da Junta de Freguesia de Paço de Arcos. É na qualidade de candidato a mais um mandato que ponderei suspender esta minha colaboração com o Jornal de Oeiras e é nessa qualidade que me incluo na recomendação da ERC que determina que os media devem suspender as colaborações e participações de comentadores, colunistas e analistas que sejam candidatos às legislativas e às autárquicas dos próximos meses de Setembro e Outubro deste ano (isto é que era uma chatice para o dr. PP).

Aliás, por princípios de coerência era sempre o que faria, tal foi o meu espanto e os meus comentários (públicos) quando me deparei com o candidato Marcos Perestrello a defender as razões da sua candidatura à Câmara Municipal de Oeiras na coluna que semanalmente escreve no Expresso. Jamais me passaria pela cabeça utilizar esta coluna para fazer o mesmo em relação à candidatura que protagonizo à Junta de Freguesia de Paço de Arcos e, daí, ter ponderado suspender os meus escritos. Só que eu consigo ser isento. Eu consigo ser imparcial. Para além do mais, competiria à direcção deste jornal tomar essa decisão, o que não foi o caso. Não basta dizermos que somos sérios, também temos de parecer. Vai daí, culpem a ERC de eu continuar por aqui a escrever.

Na eloquência da minha imparcialidade – e hospitalidade – convido-vos a todos, sem excepção, a juntarem-se a mim e a milhares de paço-arcoenses e visitantes, para mais uma edição das festas em honra do Senhor Jesus dos Navegantes. Começam no dia 28 de Agosto e vão até ao dia 6 de Setembro. Destaque especial para a Procissão e Bênção do Mar e para as actuações dos Corvos, Nilton, Gilyto, Sónia Costa e Marco Quelhas, para além de um conjunto revelação, os Katharsis, vencedores do 5º concurso de Bandas de Garagem de Setúbal.

Retomando uma tradição e aproveitando a belíssima intervenção efectuada pela Câmara Municipal, iremos prolongar as festas para lá do jardim, até à “Praia Velha”, onde, na mesma altura, iremos ter a Paço de Arcos Night Sessions, com um conjunto inédito de Dj’s, dos quais destaco a abrir, Tomas Hedberg, Dj residente da discoteca Pacha, em Ibiza e, a fechar, os Da Providers (Bart Cruz, Henriq & Pool Boys).O título desta crónica junta o Irreal protagonizado pela ERC e o Social protagonizado pelas festas. Juntos, por sua vez, correspondem ao título de uma música dos BAN…lembram-se? “…popular, surrealizar por aí. Dá-me o ideal…idealizado, dá-me o irreal…o ilusório, não me dês moral…dá-me o ideal… ideal social, popular, avançado”. João Loureiro noutras lides…Portugal no seu melhor!

in Jornal de Oeiras, 25 ago./09