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Wednesday, June 3, 2009

Navegação em Tempos de Incerteza....

Os tempos são de incerteza. O que ontem constituía um dogma, hoje, é, no mínimo, duvidoso.
Embora na sua base esteja um conjunto de debilidades estruturais, a crise financeira internacional nasceu, em grande medida, de uma pandemia de perda de confiança, que assolou os diversos agentes dos mercados financeiros, em particular nos Estados Unidos e que propagou-se, em pouco tempo, à economia mundial.
Nestas circunstâncias - crise financeira e económica - apesar da intervenção das entidades públicas e da definição de políticas mais ou menos keynesianas, perspectiva-se uma recuperação complexa e lenta. O modelo anterior está esgotado e deixou de fazer sentido, mas ainda não se vislumbra, a breve trecho, um novo.
Na União Europeia, a recessão económica e a generalização dos défices orçamentais bem acima do limite dos 3% suspendeu, automaticamente, o Pacto de Estabilidade e Crescimento.O Banco Central Europeu, face aos sinais de deflação, parece ter perdido um dos seus objectivos fundamentais, que na opinião de alguns críticos à sua actuação era o único e constituía uma obsessão: o controlo dos preços.
O mundo vive assim tempos de turbulência e de tempestade. Os tempos não são para navegar à vista, mas sim na incerteza e à bolina.
Os próprios gurus da gestão parecem incomodados, as certezas parecem ter desaparecido, os métodos infalíveis para alcançar o sucesso empresarial parecem hoje anacrónicos e, de alguma forma, patéticos ou mesmo infantis.
De igual modo, os anteriores exemplos de gestores de sucesso, tantas vezes glorificados, parecem ter caído em desgraça, acusados de ganância e de obsessão pelos resultados, enquanto descuravam a sustentabilidade das suas empresas.
Foi isso mesmo que, recentemente, constatei nas Conferências do Estoril e na ExpoManagement 2009, em que, talvez com a excepção de Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001, a generalidade dos oradores presentes remeteram-se a lugares comuns.
Agora, mais do que nunca, é necessário um sextante, que nos permita calcular o nosso posicionamento e traçar um rumo que nos retire do centro da tempestade. Não esperemos a descoberta de uma solução milagrosa ou a chegada de algum D. Sebastião.
O que resta? O mesmo de sempre, a imensa capacidade do homem em adaptar-se a momentos difíceis.
O que impera neste momentos? Quem triunfa?
A resposta está como sempre em no interior dos nossos corações e dos nossos cérebros.
Quem acredita nas suas capacidades, quem transmite confiança e confia nos outros e quem lidera pelo exemplo.
O que temos feito no nosso país? Perdemos tempo a desgastarmo-nos em questiúnculas que em nada contribuem para resolução dos principais problemas estruturais que afectam a nossa economia.
O exemplo recente de Obama deveria inspirar-nos como nação, transformando as nossas fraquezas em forças e o nosso pessimismo genético, em entusiasmo, optimismo, confiança e esperança num futuro melhor.
Abandonemos pois os transmissores de ruído, concentremo-nos em quem tem algo a transmitir, em quem acredita em si e nos outros e, em quem, nos momentos difíceis, consegue ter presença de espírito e entusiasmo para continuar a acreditar em Portugal e nos portugueses.

In Tribuna de Loures 31Maio/2009

1 comment:

A. said...

E tudo disseste no último paragrafo... MUITO interessante.. nao sabia q tinhas um blog!
Beijinhosss,
AC