Basta uma carta anónima. Bastam algumas frases para, a coberto do anonimato, lançar a lama sobre alguém. Haverá forma mais vil e cobarde? E a Justiça? Investiga uma denúncia anónima para saber se tem algum fundamento. Muito bem.
Passados quatro anos, a justiça precisa de mais tempo, ainda não conseguiu reunir elementos que lhe permitam avaliar se há fundamento na suspeição lançada na carta anónima. Nesse período, a vida do visado pela carta anónima fica em suspenso, enquanto o segredo de justiça vai sendo violado, cirurgicamente, numa agenda muito própria. Pequenos detalhes vão colorindo a suspeição lançada pela carta anónima. Não há factos que comprovem a carta anónima, não há suspeitos, não há arguidos, mas vai-se alimentando a tradicional bisbilhotice, inveja e mediocridade tão típica dos portugueses. Inicia-se um julgamento nos meios da comunicação social.
Aconteça o que acontecer, arquivada ou não, a carta anónima já venceu. Quem a escreveu permanece anónimo e a justiça em Portugal fica ferida de morte.
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