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Friday, October 23, 2009

Justiça popular

Pois é, o título deste artigo até pode não ser o mais feliz, mas os resultados eleitorais das autárquicas do dia 11 de Outubro são-no! E a referência à justiça popular, é porque eles foram justos e do povo.

O povo falou e agora que a ERC me tirou a “mordaça” eu posso falar também.

Como dizia Isaltino Morais, o povo haveria de fazer justiça nas urnas e fez. O povo votou em si. Os oeirenses querem que o futuro continue em Oeiras; querem continuar a ter um Município de Excelência; querem continuar a viver no melhor Concelho para trabalhar; querem que se continue a construir habitação para quem mais precisa; querem ver concretizados os projectos que farão perdurar Oeiras Mais à Frente.

A lógica da oposição a esta candidatura foi totalmente diferente, aliás, estamos perante aquilo a que se poderá chamar um “Manual de como não se fazer Campanha Eleitoral”. Desde a escolha dos candidatos, à selecção dos lemas e motes de campanha, passando pelas acções de rua e contactos com a população e culminando nos debates e nos últimos trunfos que se jogam nestas ocasiões, tudo correu mal ao PS e à Coligação Mais Oeiras e, em bom rigor, só poderia correr, face às deficiências técnicas de que enfermaram as suas campanhas.

O PS usurpando a obra de Isaltino e propondo a concretização de projectos que não são da competência da Câmara e nem sequer são prioritários para o desenvolvimento do Concelho; a Coligação Mais Oeiras assumindo um futuro que, em algumas questões, até já é passado em Oeiras.

Tecnicamente incompetentes, para não lhe chamar pior, acabaram por ser as pífias tentativas finais de descredibilizar o candidato Isaltino Morais, várias vezes atentado na sua honra pessoal, através de autocolantes que nos punham ao nível dele, o que não deixa de ser simpático, pois, ao dizerem “diz-me em quem votas, dir-te-ei quem és”, só poderiam estar a querer dizer que nós somos uns gajos porreiros, trabalhadores, visionários, empreendedores e defensores da causa pública! Soube bem…

Por fim, um cartoon ao jeito de Joe Kohl (http://joekohl.com/), que eu ainda hoje não percebo muito bem para que é que serviu, pois transcreve uma frase dita por Isaltino Morais no inicio do primeiro debate, na TVI 24, onde ele afirma que “vergonha não é a pena, vergonha é o crime e eu não cometi qualquer crime”. Grande “tirada”, que, alguém, se lembrou de reproduzir. Mais uma coisa que soube bem… O verso do tal cartoon remete-nos para excertos do acórdão, mas como eu já o li todo e detesto ser enganado, não me deixei enganar.

De Isabel Meirelles, nem vê-la, aliás, também não é tecnicamente muito competente, na óptica das campanhas eleitorais, fazer de conta que não se existe…(ou, então, fazer como um candidato de um município aqui próximo que decidiu tirar férias mesmo antes de começar a campanha…perdeu, quem diria! E até conseguiu o feito de ficar atrás da CDU…).

Não posso deixar de agradecer o apelo ao voto do candidato Marcos Perestrello no actual e futuro presidente da Câmara, que é algo que, não só me soube bem, como também lhe fica muito bem (se houvesse dúvidas, ele tê-las-ia tirado naquele momento, ou, então, como é prática nos contest shows norte-americanos, teria levado com a buzina e um estridente “wrong answer”!) e de dar os parabéns aos vencedores (colegas e amigos de quem eu muito me orgulho) e honrar os vencidos, com especial destaque para o injustiçado (já que se fala de justiça…) e bom amigo Carlos Jaime. Também gostaria de deixar um forte e sentido abraço ao Nuno Luís, ao Pedro Afonso e a toda a minha equipa de Paço de Arcos, mas a essa eu gostaria de dedicar integralmente o meu próximo artigo. Eles merecem e eu não consigo falar de todo o empenho, dedicação e trabalho que tivemos só num parágrafo.

Será que, no Concelho com a maior percentagem de licenciados do país, existem 32.407 mentecaptos? Olhe que não sôtor, olhe que não… Ou, como diria o saudoso Fernando Pessa…e esta, hein?

in Jornal de Oeiras, 20 out./09

E depois do debate...

Há uns anos atrás escrevi um artigo com este mesmo título, para o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, a pedido do então director do Expresso, José António Saraiva. Decorria, nessa altura, a campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 2005 e digladiavam-se José Sócrates e Santana Lopes.

Ocorreu-me voltar ao tema a propósito do debate que, na 4ª feira passada, foi transmitido pela TVI24 entre os cinco candidatos à presidência da Câmara Municipal de Oeiras. Aliás, eu não diria que tenhamos assistido a um debate, mas sim que estivemos na presença de um novo concurso televisivo, no “Reino Bué Bué Longe” (tal o desfasamento da realidade de alguns dos concorrentes), apresentado por um senhor (o “Bobo”) que, de tão pouco “rezar a história”, eu nem sequer me lembro do nome, chamado “Atira ao Gordo”!

Isaltino Morais, candidato independente, é o primeiro a ser interrogado e – quem diria! – sobre a condenação, em primeira instância, na sequência do celebérrimo processo que sobre ele impendeu (por esta altura, de tão fastidioso, eu diria que já deve levar 150 anos de pena efectiva, à semelhança do que sucedeu com Bernard Madoff). Apresentou os argumentos que entendeu apresentar e, a seguir, o tal senhor de que eu não me lembro o nome, qual Marco Horácio, mas, em vez de soltar a parede, clama: “Atiiiirem ao Gordo!”

E foi vê-los a atirar. Primeiro um Marcos Perestrello – o “Príncipe” – candidato pelo PS, bem preparado e hábil “estrela” televisiva por experiência adquirida no “Corredor do Poder”, fala monocordicamente e sem significativas alterações de tom, agitando uns papéis (neste aspecto parecia mais um amador), mas sem conteúdo, ou, pior, assumiu um papel que esteve reservado a Teresa Zambujo em 2005 e quis usurpar uma obra que em Oeiras tem um rosto. Sobre o Metro, era bom que ouvisse Luís Todo Bom que, num colóquio sobre Emprego, Economia e Mobilidade, realizado no Sábado passado, disse que a mobilidade é muito mais que transportes. É fazer a relação entre o emprego e a residência e garantir as relações de fixação e interdependência de cada um deles.

A seguir, Isabel Meirelles – a “Rainha” – candidata pelo PSD, não conseguiu atirar ao ‘Gordo’, pois ficou perdida, com medo, entre o centro histórico de Oeiras e o centro histórico de Paço de Arcos, quiçá ainda a fazer contas às carências de vagas no ensino pré-primário (creche e jardim infantil) e no apoio aos idosos (lares, centros de dia e unidades residenciais).

Francisco Silva – o “Pagem” – candidato pelo BE, errou o alvo e atirou ao “Príncipe”, por sinal, em cheio. Agitou os mesmos papéis numa alusão aos seus camaradas trotskistas, o que me leva a perguntar se esta “gente” não anda toda com défices de reflexão intelectual.

Por último, Amílcar Campos – o “Aristocrata” – candidato pela CDU, já não tinha munições para atirar a ninguém e fez o que lhe competia, aproveitando a sua sapiência na área dos transportes para defender as ligações radiais e as movimentações pendulares de conexão intermunicipal.

Nas alegações finais, o “Príncipe” foi maquiavélico; a “Rainha” ficou em xeque e não apareceu; o “Pagem” estava distraído a ler o último discurso de Louçã; o “Aristocrata” conseguiu apelar, sem se engasgar, ao voto na CDU; e o “Rei”, afinal, não vai nú…

in Jornal de Oeiras, 22 set./09